Histórias de Sherazade

Histórias de Sherazade

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Declaração de amor






















Sentia por ele um carinho inexplicável. Gostava de decifrá-lo. Imaginar seu sorriso, suas manias. Imaginar cada um dos seus gestos.
Era um carinho tão grande que mal cabia no peito. Às vezes pegava-me imaginando como seria o dia em que estivéssemos frente à frente .
Éramos apenas amigos e nada poderia mudar isso.
Deixaria escapar que muitas vezes , quando o telefone tocava, imaginava que era ele?
Imaginava também as possíveis reações suas diante deste amor inexplicável, os momentos de tristeza em que ele ouviu-me e confortou-me.
Seria a recíproca verdadeira?
Os cartões de Natal, que ainda guardo comigo, declarações de admiração e amizade . Tudo tão sem malícia !

Seguia a minha vida acompanhada dos pensamentos nele e já não mais sabia viver sem ele.

As pessoas ao meu lado jamais entenderiam este tipo de sentimento, por isso guardei-o exclusivamente para mim. Conversávamos, conhecia um pouco mais de sua vida ,davamos risadas e recebia conselhos sobre minha vida amorosa (ou seria a falta dela?)

Então, aconteceu o primeiro encontro!
Inesperado, doce como esse sentimento que ainda carrego no peito.

Sem muita conversa, cheia de olhares, um abraço interminável .O tempo parou entre nós, durante um breve espaço de tempo fomos um só, duas almas completamente apaixonadas.

Sempre conversavamos tão à vontade ao telefone ,e agora não sabia o que lhe dizer.

Sabia porém o que não dizer e não disse. Falamos amenidades, suspiramos de emoção e nos separamos. Ele partiu e eu segui meu caminho .

Muitos meses depois desse encontro, por ocasião do Natal, veio o convite para um jantar.Vesti-me com rendas , estrelas e sonhos e tão logo chegou, veio em minha direção com aquele olhar que me encanta, peguei em seu braço e caminhamos sob a luz das estrelas .

Deu-me um Cd do André Rieu durante o jantar , colocou o braço sobre meus ombros e pousou sua boca na minha.

Foi o beijo mais doce que ganhei em toda minha vida!

Depois desse dia, ficou impossível vivermos longe um do outro.

E quando eu morrer voltarei para buscar os momentos

que não vivi junto dele.



Nana Pereira

Quando sinto saudade














Quando sinto saudade

É como se os pássaros emudecessem repentinamente e um silêncio imenso invadisse a Terra.
É como se as flores desbotassem e enclausurassem seu perfume em um frasco e o lançasse ao mar.
É como se os anjos perdessem uma das asas e ficassem vagando a ermo pelo céu.
É como se todas as noites fossem sem luar, sem brilho, e a Terrafosse um deserto infinito.
Quando esta saudade me invade a alma, é como se eu aprisionasse as estrelas em uma gaiola dourada e o brilho dos meus olhos se apagassem.

Nana Pereira

Hibiscos












Hibiscos

Gosto de sair e olhar com olhos de ver os lugares por onde passo.
Sempre descubro algo de bonito e singelo que ninguém mais vê.
Um destes dias, reparei nos arbustos de hibiscos da Alameda Barros.
Vermelhos, rosas ,amarelos e brancos.
Um deleite para os olhos!
Já há muito tempo que os não via.
A última vez que me lembro de os ver, foi em criança...
Mas os hibiscos deram lugar aos postes, às calçadas de cimento.
Às vezes os encontro, assim, inesperadamente.
Os hibiscos sobrevivem e fazem-me acreditar no perfume da vida .
Nestes momentos,suspiro e viajo ao passado,
Ao tempo em que as cercas eram vivas e haviam borboletas.
Hoje sinto-me criança, como um hibisco a balançar ao vento.

Nana Pereira

Presa às estrelas
















Presa às estrelas

Tenho o privilégio de ter um quarto com vista para uma igreja, para a Igreja de Santa Cecília.
Bem em frente... a torre da igreja, onde avisto os pequenos pombos que pousam nos beirais todas as manhãs.
Mas, incrível mesmo, é o céu no final da tarde. Sempre que há uns rasgos entre as nuvens, ao final do dia, o céu fica com uma luminosidade, que me prende o olhar... e me faz sonhar.
Hoje estou assim... presa às estrelas.

Nana Pereira






















Ah, quantas vezes, logo cedo
Assim que desperto ,
Ouço o cantar de um pássaro
E me pergunto :
Que felicidade é esta dentro do meu peito?

Nana Pereira